sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Mastigos, a manopla do dominador



[Situação: reincarnada no mundo, mas dormente]
[Atual hospedeiro: Mircea Cioran.]
[nível de poder: 0,0001%]
[potencial de desastre: 87% e subindo... ]

Seu nobre nascimento

A vida é difícil no vale da floresta do uivo. Há neve demais, gente de menos e mais infortúnio do que se pode suportar. Um nobre de uma casa menor, ao Senhor do Forte Pavor foi dado o vale em recompensa de seus atos de bravura na última guerra travada pelo baronato contra os malditos mouros. Dada a ferocidade em batalha de Cioran e sua falta explícita de melindres corteses, o barão à época deu-lhe um posto avançado e longe da corte, na esperança de afastá-lo sem, contudo, desonrá-lo. 

Enviou a dinastia Cioran para o vale e mandou que cuidasse do local e treinasse a próxima geração de marechais para o Baronato. E assim procedeu Mallus Cioran, no ano de 850 DC. Desde então, senhor após senhor do forte pavor vem cumprindo este intento: preparando combatentes e treinando-os para a guerra no modo rude dos Cioran.

Após uma campanha bem sucedida para expulsar os cães germânicos e saxões de suas terras, o senhor Dimitri foi recompensado com um casamento com a filha mais nova da família Donovan, um rico clã comerciante, responsável principalmente pela extração e comércio de minérios e especiarias. 

O senhor dos Donovan desejava ardentemente o poderio militar dos Cioran, então realizou o casamento sem muitas dificuldades: o prestígio dos Donovan levou os Cioran de volta para a corte, enquanto que em troca os Cioran fornecem os melhores guardas que a Transilvânia pode prover. Além do mais, o vale do Cárpatos tornou-se rota comercial, além de ter havido o início da mineração das escarpas e montanhas, ricas em ferro e ouro.

Com o casamento, também foi aberta uma rota comercial através da floresta uivante. Caravanas começaram a cortar caminho pela floresta, diminuindo em uma semana as viagens para a rota das especiarias, visto que antes tinham que contornar todo o vale, por medo das criaturas que lá habitam. O então senhor dos Cioran, Fandral, determinou a abertura da rota e a criação de postos de apoio, devidamente fortificados, o que foi realizado de pronto. Ainda, determinou que as caravanas fossem escoltadas em todo o percurso por soldados leais aos Cioran, por um módico preço.

Feito isso, senhor Fandral mudou-se com sua família para a Corte e deixou seu único filho, Dimitri, administrando o ducado. Para assegurar mais a aliança entre as famílias Donovan e Cioran, Fandral casou Dimitri com Alísia, a prima de sua esposa. 

Após um breve período de adaptação, eis que Alísia pari gêmeos, um sinal muito forte do destino do casal. Isso porque para os transilvâeos, os gêmeos são uma bênção e uma maldição simultaneamente: o primeiro nascido é obviamente destinado a grandes feitos, enquanto que o segundo é o repositório do erro, destinado ao mal. 

Normalmente o segundo gêmeo é morto, mas o Senhor Dimitri achou por bem criar os dois, contra toda a tradição. Este empreendeu viagem à floresta do uivo com os bebês e, quando do seu regresso, afirmou que batizou o segundo bebê com seu sangue, em nome de Nefîrtat, fazendo assim com que a maldição fosse partilhada por ambos. 

Nomeou, pois seus filhos em homenagem ao deus de seus pais, os deuses nórdicos, bem como em homenagem aos deuses da terra, dando nomes duplos para crianças duplas, na esperança de que a tradição de nomes duplos pudesse afastar a morte e a maledicência. Todo ano o pai e a mãe oferecem os gêmeos em sacrifícios simbólicos, deitando seu sangue em bonecos de palha e os imolando quando no solstício de inverno, como forma de purgar o mal, agradar as divindades e enganar o azar.

Apesar de tal procedimento render saúde aos jovens, que cresceram fortes e saudáveis, aos poucos foi percebido que a mãe dos mesmos não mais conseguia parir, tendo abortado inúmeras sementes. Mesmo após vários rituais e cânticos, aparentemente Alísia estava estéril. 

Certa vez, Alísia entrou na floresta guiada por uma visão, e depois de uma tarde lá, banhando-se nas águas de um lago que ela não consegue encontrar de novo, ela voltou pronta para a cópula, tomou seu marido e gerou uma filha, a qual deu instrução específica que deveria se chamar "dada pelos deuses" (Bogdan) e declarou que teve uma visão que não poderia mais gerar rebentos após Bogdan.

Conforme o tempo passava, as crianças cresciam bem e o ímpeto já não tomava tanto os Cioran. Eis que, depois de alguns meses de parida, Alísia contrai nova gravidez, para espanto de todos. O dia que Mircea nasceu foi marcado de eventos: após sua gestação, um exército de moldavos saiu em marcha da floresta e começou a dizimar tudo, tentando conquistar o ducado. 

Pegos de surpresa, todos os guerreiros foram para a batalha. A campanha durou sete meses e, em um dia particularmente fatídico, o comandante Dimitri foi surpreendido por um velho em sua tenda. Após o encontro, Dimitri levou seus 12 melhores homens a marchar circulando a formação moldava, direto para o coração da floresta. Não se sabe o q houve lá, mas desde este dia, os exércitos moldavos foram amaldiçoados de forma tal que a morte lhes veio de variados caminhos: caiam sobre suas espadas, eram picados por insetos venenosos, morriam de disenteria. 

Tal fraqueza abalou o moral, permitindo aos capitães transilvanos retomar a vantagem, mesmo sem Dimitri. Uma semana após sua jornada, já dado como morto, eis que Dimitri volta, pelas costas da batalha, sozinho. Ele bradaou uma palavra de poder, alta o suficiente para calar todo o curso da batalha. "-VaclavZabrat"! e todos os soldados largaram seus postos e fugiram de volta para a floresta, sendo todos mortos.

Ato contínuo, Dimitri instruiu os seus capitães a empalar todos os mortos inimigos, arrancar seus corações e acumulá-los na frente da  entrada da floresta. Com um monte de corações posto na frente da floresta, Dimitri acendeu uma fogueira do lado, sacou sua adaga e derramou seu sangue na fogueira. depois determinou que ninguém saísse de suas casas, se temesse por sua vida.

Ao retornar ao castelo, achou sua mulher em trabalho de parto prematuro. quanto mais o tempo passava, mais tudo se tornava escuro, até que todas as luzes foram apagadas com uma rajada de vento súbito. na escuridão total, ninguém conseguia ver, ouvir ou cheirar nada.

Por um instante que pareceu uma eternidade, tudo silenciou. Até que um choro de criança rompeu o silêncio, alto e estridente: era Mircea. Pouco tempo depois, os archotes foram se acendendo um a um. Na manhã seguinte, no local da fogueira, os corações haviam desaparecido e nas cinzas estava escrito "paz" (Mircea). obviamente que o rapaz foi nomeado após este incidente de Mircea (paz), recebendo o apelido de Agelos Mircea (aquele que traz a paz). [continua...]

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